Archive for 11 de abril de 2009

Velozes e furiosos: precisamos mesmo de mais um?

E o blefe continua...

E o blefe continua...

Ao som de: Feels Just Like it Should_Jamiroquai: The Greatest Hits

Sem fazer nada, em uma bela manhã de sábado, acordado ao som de picaretas, marretas e pás durante a reforma da casa. Com poucas alternativas e ainda meio de ressaca, ligo a TV e me assusto quando percebo que já está na metade do filme e eu ainda não mudei de canal.

É, estou assistindo ao “Velozes e Furiosos”.

Antes, uma breve explicação: sempre mantive certa distancia deste tipo de filme, esses em que mostrar os carros ou as motos é mais importante e serve pra esconder péssimas atuações. E surpreendentemente (pausa dramática)… esse primeiro filme da série não foi diferente.

Uma história mais rasa que um pires, carros fodaços, som alto e Michelle Rodriguez. Bom, o caso dela trataremos a parte.

Paul Walker é o famoso “garrafinha style, cachaça horrorosa” de Holywood. Hiper fanfarrão, ele até acha que engana alguém com aquela atuação de “mamãe, sou um conquistador”. No entanto ele consegue dar veracidade ao seu personagem, o policial playboy deslocado tentando impressionar por possuir poucas aptidões senão…tentar impressionar alguém. Vin Diesel, nas palavras do grande amigo Badr, não passa de um bombado da Califórnia que, se não tivesse voz grossa, não impressionaria ninguém. E Michelle Rodriguez, consegue a incrível façanha de ser a mesma personagem em todos, TODOS os trabalhos em que dá o ar da sua graça. Desde o filme de surf com mocinhas bonitinhas que eu não lembro o nome, em Resident Evil, e até no Lost. A melhor coisa da segunda temporada de Lost foi ver o Michael atirar na Ana Lucia, a eterna latina com cara de invocada que amamos (não) assistir.

No mais, temos um rapper (clichê) meio perdidaço, uma equipe de latinos (clichê) de bobeira, e um dos três grupos étnicos que o cinema americano adora utilizar como vilões: os chineses (a saber, os outros ainda são os Alemães e Russos, mesmo depois de um tempo considerável do término dos grandes conflitos mundiais).

Mas uma coisa tenho que admitir: Velozes e Furiosos possui a incrível capacidade de vender, vender muito. Da propaganda descarada de Nitro, as milhares de horas gastas em lan house jogando Need For Speed Undergound, o filme desde o início da franquia consegue a cada versão criar moda e fazer com que milhares de “Paul Walkers” pelo mundo afora gastem horrores com sons automotivos pra impressionar alguém e para aumentar a renda natalina dos otorrinolaringologistas que cuidam da nossa surdez precoce.

Bom, com três filmes no balaio, vários clichês desenvolvidos e um filme já engatilhado pra esse ano de 2009, com o mesmo time de volta, fica a pergunta: precisamos mesmo de mais um Velozes e Furiosos?

Lucas Bonachovski, que ainda prefere andar de bicicleta.

Apagões

Escutando “Debaser”_ Pixies_Doolittle

Estava eu em minha pré-folga semanal da escola (engraçado como as coisas estranhas da minha vida só acontecem nessa bendita pré-folga de quarta feira), assistindo a “Como enlouquecer seu chefe” na TV, as cinco da tarde. Geralmente não me dou a esse luxo, mas estava esperando algo mais nobre: terminar de baixar a discografia completa do Pixies.

O filme muito divertido, a tensão por esperar a barrinha do download ficar toda cheia, a expectativa de preparar um suco de goiaba com laranja e comer algumas bolachas água e sal com margarina. Tudo junto, um mix de emoções fortíssimas (ta, nem tanto). Do nada, um apagão geral de energia (o qual eu saberia posteriormente, acometeu todo o Distrito Federal e entorno). Tinha que ser bem no final do filme, se lamenta o projeto de cinéfilo. Foi quando me toquei que estava não só sem TV a cabo, mas tbm não via mais meu profile de Orkut piscando hipnoticamente na tela do computador. Também não via mais minha barrinha de download, muito menos a lâmpada acima da minha cabeça. Banho quente e suco batido no liquidificador, nem pensar.

Foi quando percebi, depois de todos esses anos, que eu sofro de síndrome de falta de energia elétrica.

Ah tá, já vi o Luis Fernando Veríssimo escrever isso, ou outro ótimo cronista, muito melhor que você, seu grande blefe. Mas você já parou prá perceber o quanto é terrível estarmos tão subjugados a ditadura infame dos eletro-eletrônicos. Eu não, dirá o leitor atento. Eu desligo minha TV e leio, como a propaganda da MTV mandou. Mas onde vimos a maldita propaganda mesmo. Falando nisso, quantos recados você tem hoje, quantos e-mails você leu. Chegou em casa, comida fria.Onde você a esquentou: fogão ou microondas?Seja sincero.

A anos ouço o mantra do uso consciente da energia elétrica. Mas fazer o que, sou um desvirtuado, sou um caçador/coletor domesticado, que quando sente fome, liga para o primeiro folder de tele-entrega que encontrar perdido pela sala. Desculpe Tyler Durden, ainda não sou um evoluído, ainda estou preso, ainda preciso ser libertado das amarras as quais eu me prendi.

No entanto, não me julguem tão apressadamente. Ainda existe um resquício de humanidade nessa casca quase eletrônica que me tornei. Descobri isso minutos depois do apagão. Minha avozinha, que não perde todas as novelas que passam entre seis e dez da noite, sem ter como assistir a Malhação nossa de cada dia, foi a cozinha,e ao começar a lavar as louças (tarefa inglória, que para ela funciona como terapia, além de cozinhar), me falou com aquele arzinho cheio de ternura só dela:

– Como pode. Na minha época, na roça, quando acabava a energia é que ficávamos felizes. Dava pra ouvir o barulho do silencio.

Nesse momento, o menino da tribo sentou em volta de sua fogueira imaginária e ficou ouvindo a velha xamã contar histórias de tempos passados, de heróis, de amores passados. Ouviu as queixas de alguém que já passou por vários apagões, não só de energia, mas apagões de vida. E o menino se deixou levar pela voz quase mística.

Até a luz falsa, a enganadora, a que ajuda a mão do explorador fazendo o trabalhador labutar até altas horas…retornou.

O jovem (agora não tão jovem, sentindo o peso de uma manhã de aulas intensas) se levanta, volta ao quarto, liga o computador e volta a sua rotina. Mas algo ficou, do momento mágico no escuro. Agora me esforço pra ouvir o barulho do silencio. Ou o barulho ensurdecedor do caos na minha cabeça. A caixinha de imagens, a grande rede, tudo faz com eu deixe tudo guardado em uma caixa escura. Mas o ritual funcionou. Algo veio a tona, algo novo, que, depois de anos sendo apenas uma mentira contada pra se tornar verdade, se transforma em algo concreto. Posso lutar contra eu mesmo, e os subterfúgios que criei pra me defender da minha própria mente, que quer pensar, que quer criar, que quer se divertir. Que merece um ar renovado, depois de um dia cansativo. Que não quer ser enganada pelo “velho azul marinho” ou pelo “homem do baú”. Eagles fly free, já dizia um velho heavy metal. Agora, acho que posso fazer isso também, mesmo depois de tanto tempo.

Mas, que ao menos eu possa me permitir ligar o computador de vez em quando, pra ouvir minha dose diária de “Deabaser” do Pixies, e me deixar levar um pouco pela inebriante enganação. Por que ninguém é totalmente de ferro.

Os melhores filmes de Zumbi de todos os tempos _ parte 01 _A noite dos Mortos Vivos


Ao som de: Damien_Iced Earth_The Horror Show

Clássico absoluto

Carnaval. Uma semana em que a farra parece não ter mais fim. Bebida gelada, música ruim, gente suada. Enfim, diversão.

Mas o que fazer quando você não viajou por causa da falta de grana e, além disso, tem que estudar pra preparar uma monografia, bolar um plano de aulas anual e suas aulas pra semana triste de pós-carnaval?

Assistir vários filmes sobre Zumbi, ora bolas. Quer forma melhor pra passar o carnaval? (ta, melhor não responder…).

Os filmes sobre Zumbi sempre me fascinaram. Toda aquela atmosfera gore, de tripas e sangue, o desespero da fuga inútil de um inimigo do qual se tem pouca ou quase nenhuma informação. Mas existem muitos fatores além do simples terror sanguinolento. Os filmes sobre zumbis nos servem como uma alegoria para pensarmos várias facetas do comportamento humano: e na luta pela sobrevivência (e no casamento) onde realmente conhecemos as pessoas a nossa volta.

Mas nenhum desses filmes seriam os mesmos sem o primeirão, o original, o sinistramente fodaço “A Noite dos Mortos Vivos”.

Este filme pode ser considerado o Big Bang dos filmes sobre os comedores de cérebro. O gênio George Romero cria neste momento todos os elementos que são obrigatórios a qualquer filme sobre mortos-vivos que se preze: as fugas desenfreadas contrastando com momentos de calmaria angustiantes, as atuações forçadas, o medo a espreitar em qualquer canto. Existe uma lista imensa de características as quais George Romero conseguiu utilizar com maestria para filmar com orçamento baixíssimo.

No entanto o mestre Romero consegue marcar sua presença com uma de suas principais facetas: a de questionador. É no momento em que os zumbis cercam a casa de campo, cenário principal do filme, que podemos perceber as várias personalidades dos personagens aflorarem: temos o pai de família que preza acima de tudo a segurança de sua esposa e filha; o personagem que busca liderar, mesmo com relutância, o grupo de sobreviventes, a mulher em choque. E é nesse micro-espaço que podemos perceber as relações de poder se desenvolvendo. O exemplo clássico é o do dono da arma: quem está com a arma de fogo, manda em todos, mesmo que isso incomode a maioria. E é no conflito que vemos o pior lado da humanidade.

Além disso, Romero ainda nos leva a pensar sobre as ações de nossos governantes. No decorrer do filme, uma das teorias que surgem pra dar sentido a invasão de zumbis é a da queda de um satélite vindo de Vênus, que continha radiação. Logo, em paralelo, desenvolvem-se as várias teorias de conspiração, que colocam o governo como possível culpado da zumbizada estar fazendo a festa. Vale lembrar que o filme foi produzido em uma época em que os ecos da Guerra Fria ainda eram ouvidos, e o terror nuclear ainda era assunto nas mesas de jantar.

Bom, são por todos esses motivos e outros mais que deixariam esse texto ainda maior que considero “A Noite dos Mortos Vivos” um dos filmes mais influentes do século XX, merecendo o título de melhor filme de zumbis de todos os tempos.

Assista, crie suas teorias loucas e de sua opinião por aqui!

Lucas Bonachovski…que já tem um plano completo caso ocorra uma invasão de zumbis por aqui.